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Moçambique: Margarida França conclui Mestrado em Música com bolsa do Procultura

Cultura

Foi uma experiência incrível, aprendi as ferramentas necessárias para poder pesquisar, escrever e partilhar conhecimento sobre os fenómenos musicais” – Margarida Lázaro França

 Margarida França, 35 anos, concluiu o mestrado em Etnomusicologia e Estudos em Música Popular, na Universidade de Aveiro, em Portugal.

Formada em Música, na Escola de Comunicação e Artes da Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique, sempre quis pesquisar fenómenos musicais e entender as questões chaves “Quem? Quando? Porquê? E como?” e por isso candidatou-se a uma bolsa de Mestrado PROCULTURA para estudar Etnomusicologia e Estudos em Música Popular.

Margarida canta em coros desde criança e escolheu como tema da sua tese “CANTO EM CORO NA CONSTRUCAO DE COMUNIDADES IMAGINADAS – CASO DO FESTCOROS EM MOCAMBIQUE (2006-2019)”. Escrever sobre as dinâmicas dos coros e o modo como estes geram comunidades imaginadas fazia todo sentido para a cantora de alma altruísta.

“Sempre gostei de atividades de grupo em contexto de música, pois os coros são locais de apoio e interajuda entre as pessoas”, sublinha.

A sua pesquisa analisa o evento coral anual organizado em Moçambique desde o ano de 2006 – o Festival Festcoros (FFC), procurando explorar em que medida este evento promove sentimentos de comunhão e de identificação mútua entre diferentes moçambicanos e de que modo trabalha para a construção de uma comunidade imaginada.

Nas suas pesquisas, divide a participação no festival, e a prática coral do país, em coros laicos e religiosos. Constata que os coros laicos participam, maioritariamente, com temas patrióticos cantados durante a luta de libertação de Moçambique e composições sobre a luta contra a pobreza, ou a boa cidadania entre os moçambicanos. Entre a participação de coros religiosos, destaca a de um coro islâmico, aclamada pela imprensa, pelos organizadores do evento e pelos membros do júri, como uma forma de ratificar a união entre diferentes Igrejas.

Perante o que encontrou, Margarida confirma a importância do festival para a unificação da sociedade e a construção de uma comunidade imaginada, em torno de tradições ancestrais e o carácter resiliente dos moçambicanos.

De volta a Moçambique, a bolseira diz levar consigo o respeito pela música do outro e o cuidado ético nas abordagens musicais. “Cada povo tem sua música e se quisermos entender a música de cada povo e preciso conviver com esse povo, com esses indivíduos”, sublinha.

Daqui quer avançar para o doutoramento e dedicar-se à instrução de mulheres em situação de vulnerabilidade. “Tenho acompanhado histórias de vida de mulheres que não conhecem seus direitos e sofrem todo tipo de abuso dentro de seus relacionamentos conjugais e na sociedade em geral. Eu creio que se as mulheres cantarem em coro suas dificuldades e promoverem as propostas de proteção que o estado moçambicano disponibiliza para todas as mulheres, muito pode melhorar”, diz Margarida.

Margarida conta que estudar em Portugal foi uma experiência incrível. “Aprendi as ferramentas necessárias para poder pesquisar, escrever e partilhar conhecimento sobre os fenómenos musicais. Desde os fenómenos musicais da minha terra e de outros lugares do mundo”, revela.

Aos outros bolseiros pede que aproveitem a oportunidade. “Façam valer a oportunidade que o PROCULTURA nos concede, esforcem-se em partilhar conhecimento, experiências e claro, terminem seus cursos com muito boas notas. Porque só assim poderemos melhorar a situação cultural dos nossos países”, apela Margarida.

O PROCULTURA é uma Ação do Programa Indicativo Multianual PALOP-TL/UE, financiada pela União Europeia, cofinanciada e gerida pelo Camões, I.P. e cofinanciada também pela Fundação Calouste Gulbenkian. Tem como objetivo contribuir para a criação de emprego em atividades geradoras de rendimento na economia cultural e criativa nos PALOP-TL.

Fonte: Procultura/Futuros Criativos

 

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